Asilados em embaixada na Venezuela dizem que bandeira do Brasil os protege, mas pedem urgência a Lula

Opositores que estão asilados na embaixada da Argentina em Caracas disseram neste sábado (14) sentirem que a bandeira do Brasil hasteada no local desde agosto os protege de ações do governo de Nicolás Maduro, mas pediram que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva atue com urgência para que possam sair da Venezuela.

“Pedimos mais sentido de urgência, que os esforços sejam redobrados, em coordenação com a região e entender que esta situação claramente pode piorar”, disse um dos asilados, Pedro Urruchurtu, em uma coletiva de imprensa virtual ao lado de outros dois opositores refugiados na embaixada.

Integrantes da equipe da líder opositora María Corina Machado, os asilados venezuelanos pediram um “sentido de urgência coordenado entre a Argentina e o Brasil” para que obtenham o salvo-conduto para sair da Venezuela.

Os opositores estão na sede diplomática da Argentina em Caracas desde março, quando tiveram um mandado de prisão emitido contra eles sob acusação de suposta participação em planos para promover violência na Venezuela. Há semanas, eles denunciam cortes no abastecimento de eletricidade e a presença de agentes de segurança do lado de fora da embaixada.

Segundo eles, os policiais estão impedindo a passagem de caminhões cisternas com água potável, estão revistando e fotografando todas as entregas de remédios e utensílios de higiene pessoal que entram na embaixada. Os opositores relatam, que nos últimos dias, passaram a ser vigiados por agentes que se instalaram em propriedades da vizinhança, operando drones.

O governo brasileiro tem evitado se pronunciar sobre as denúncias, apesar de ter pedido salvo-conduto para os asilados em contatos diplomáticos com a Venezuela e, publicamente nesta semana, na reunião do Alto Comissariado para os Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas.

A CNN apurou que o cuidado do governo brasileiro é na intenção de manter algum nível de interlocução com autoridades venezuelanas, inclusive para o diálogo sobre salvo-conduto dos opositores.

Em agosto, após o governo Maduro expulsar o corpo diplomático de Javier Milei de Caracas, o Brasil assumiu a representação dos interesses argentinos na Venezuela, e cuida hoje tanto da embaixada como dos assuntos consulares do país. Desde então, a bandeira brasileira está hasteada na sede diplomática da Argentina.

Urruchurtu, que foi coordenador internacional da campanha de María Corina Machado, líder opositora que acabou não podendo concorrer à presidência neste ano, disse na coletiva que os asilados sentem que a bandeira brasileira na sede diplomática os protege, e agradeceu a resistência do governo Lula quando a Venezuela tentou revogar a autorização para que o Brasil tutelar os interesses argentinos no país.

“Agradecemos que o Brasil tenha se mantido muito firme, mantendo sua bandeira içada aqui. Acredito que isso seja uma mensagem muito significativa sobre nossa presença aqui. Sentimos que essa bandeira do Brasil hoje nos acolhe, nos protege”, afirmou.

Os asilados disseram, no entanto, acreditarem que a situação escalou nos últimos dias com o que denunciam ser a presença de franco-atiradores, e que suas vidas estão em risco. “Para que as estão usando?”, questionou outro dos asilados, Omar González, ex-deputado e integrante do movimento Vente, de Machado, sobre os fuzis, que afirma terem mira telescópica.

“Estão ocultos no meio da vegetação, como se fossem esconderijos (…) apontando provavelmente com essas armas de assalto. O que estão buscando? Uma tragédia?”, questionou o ex-deputado, dizendo que ele e os demais asilados também sofrem assédio psicológico por terem a entrada de familiares no local proibida pelos agentes.

Os asilados afirmaram entender a posição brasileira de cuidado das relações com Caracas, mas pediram atuação do governo brasileiro diante da situação, que definiram como de “emergência”.

“Sabemos que Lula é um democrata, que manifestou sua preocupação com a Venezuela recentemente, que entende perfeitamente o que está acontecendo, que esteve pendente, monitorando”, reconheceu Urruchurtu, afirmando, no entanto, que a situação exige “maior coordenação e articulação” antes que seja muito tarde.

O governo Maduro afirma ter “provas” de que a instalação estaria sendo utilizada para o planejamento de “atividades terroristas” e de “tentativas de assassinato” de Maduro e da vice-presidente Delcy Rodríguez.

A CNN entrou em contato com o governo venezuelano pedindo comentários sobre as denúncias dos opositores e aguarda retorno. Também procurou o Planalto e o Itamaraty sobre o pedido dos asilados e mantém o espaço aberto para comentários.

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