Com BBC News Brasil
O Reino Unido, a França e o Canadá alertaram Israel que tomarão “ações concretas” se o país continuar com a expansão das suas operações militares em Gaza, em comunicado na segunda-feira (19/05).
Os líderes dos três países — Keir Starmer, Emmanuel Macron e Mark Carney — pedem ao governo israelense que “interrompa suas operações militares” e “permita imediatamente a entrada de ajuda humanitária em Gaza”.
Nenhum alimento, combustível ou remédio foi autorizado a entrar em Gaza desde 2 de março — uma situação que a ONU já descreveu como um “preço desastroso” a ser pago pela população palestina.
O chefe de ajuda humanitária da ONU, Tom Fletcher, disse que o número de caminhões de ajuda que foram autorizados a entrar em Gaza são apenas uma “gota no oceano do que é urgentemente necessário”.
Ele disse que cinco caminhões de ajuda cruzaram a Faixa de Gaza na segunda-feira, após Israel encerrar um bloqueio de 11 semanas, mas ainda não chegaram às comunidades.
Fletcher afirma que espera enviar 100 caminhões para Gaza hoje, acrescentando que “precisamos inundar a Faixa de Gaza com ajuda humanitária”.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, respondeu ao comunicado de Reino Unido, França e Canadá dizendo que os três líderes ofereceram um “grande prêmio” ao Hamas na guerra de Gaza.
No domingo (18/05), Netanyahu disse que seu país permitiria a entrada de uma “quantidade básica de alimentos” no território após um bloqueio de 11 semanas, mas que Israel planeja assumir “o controle de toda Gaza”.
Reino Unido, França e Canadá criticaram a ação, dizendo que ela é “totalmente inadequada”, pois “a negação de assistência humanitária essencial à população civil é inaceitável e corre o risco de violar o Direito Internacional Humanitário”.
Eles dizem que o nível de sofrimento em Gaza é “intolerável”.
Os líderes dos países ocidentais também condenaram “a linguagem abominável usada recentemente por membros do governo israelense, ameaçando que, em seu desespero por causa da destruição de Gaza, os civis começarão a se realocar”.
“O deslocamento forçado permanente é uma violação do direito internacional humanitário”, disseram.
“Sempre apoiamos o direito de Israel de defender os israelenses contra o terrorismo. Mas essa escalada é totalmente desproporcional”, acrescentou a declaração dos líderes, referindo-se à nova ofensiva israelense.
Starmer, Macron e Carney também pediram que o Hamas liberte imediatamente os reféns restantes feitos no “hediondo ataque” ao sul de Israel em 7 de outubro de 2023.
A guerra de Gaza foi desencadeada pelo ataque liderado pelo Hamas, que deixou um saldo de cerca de 1,2 mil mortos e 251 reféns.Cerca de 58 reféns permanecem em Gaza, dos quais acredita-se que até 23 estejam vivos.
O Ministério da Saúde de Gaza, administrado pelo Hamas, diz que mais de 53 mil palestinos foram mortos durante a campanha militar de Israel.
A declaração do Reino Unido, França e Canadá reiterou o apoio a um cessar-fogo, bem como à implementação de uma “solução de dois Estados”, que propõe um Estado palestino independente que existiria ao lado de Israel.
Netanyahu rebateu a sugestão: “Ao pedir a Israel que encerre uma guerra defensiva pela nossa sobrevivência antes que os terroristas do Hamas em nossa fronteira sejam destruídos e ao exigir um Estado palestino, os líderes em Londres, Ottawa e Paris estão oferecendo um prêmio enorme pelo ataque genocida contra Israel em 7 de outubro, ao mesmo tempo em que convidam mais atrocidades semelhantes.”
Ele também pediu que “todos os líderes europeus” sigam a “visão” do presidente dos EUA, Donald Trump, para acabar com o conflito.